terça-feira, 7 de julho de 2015

- Moço, falou com um risinho meio sem jeito, não se assuste não... Não sou desse tipo de gente que só age pela razão... Sou uma garota que ama com a mente, que faz brotar tudo o que sente e pensa com o coração... Realmente é uma loucura, loucura pra ser saboreada, temperada de doçura e carregada de emoção..."
Mychele Magalhães Velloso
 

sábado, 4 de julho de 2015

Palavras? Sim, de ar e perdidas no ar.
Deixa que eu me perca entre palavras,
deixa que eu seja o ar entre esses lábios,
um sopro erramundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde...

Octávio Paz.
Que bem fazem à gente certas mentiras
Essas pequenas, ingênuas deliciosas mentiras...
Essas mentirinhas bebês,
redondinhas, rosadas e frescas...
A dos médicos para seus enfermos desenganados: 
— "Mas está excelente! Vai sarar!"
A dos amigos para os nossos poemas:
— "Cortei na revista... Guardei-o comigo".
E sobre todas, as da criatura amada
que justifica, no reclamo da saudade:
— "Sonhei contigo a noite inteira... e estou intranqüila... Vem!..."
Meu Deus do Céu, que imenso bem!...
A gente tem vontade de pegar essas mentirinhas como aos bebês, redondinhas, rosadas e frescas,
e atirá-las para o alto, pelos braços,
às momices e aos beijos...
— "De quem é essa mentirinha mais bonita do mundo?
— "De quem é essa mentirinha tão querida, gente?"
E depois, num abraço bem apertado, numa efusão,
enterrá-las, como um tesouro de felicidade,
no coração.
Adelmar Tavares
"Saudades do tempo que se tinha tempo. De quando o tempo não era inimigo. Quando as roupas descosturadas eram reparadas à mão e as brancas sujas colocadas pra quarar. Um dia todo pra lavar roupas! Não tinha problema. Saudades de quando as frutas eram tiradas dos pés, que precisavam ser regados e cuidados. E escalar mangueiras era nosso maior desafio. De quando os encontros e sorrisos não precisavam ser registrados, e sobrava mais tempo pras conversas. De quando as coisas não tinham que ter propósito ou lhe preparar pra vencer na vida. Jogar pedras na rua ou na água pra ver quem joga mais longe, disputar corridas descalços na terra, descobrir formas nas nuvens... Saudades de quando a única pressa era de comer logo pra voltar pra rua pra brincar. Do cheiro da comida no fogo à lenha, do almoço colocado de manhã bem cedo, pra cozinhar devagar. De como o natal demorava a chegar. Saudades da criança que achava que ia ser eterna, porque o tempo pra ela, era amigo. Ele nunca iria se desfazer dela. Ele nunca iria sufocar."
(Rachel Carvalho)

Saudade das coisas simples

Em plena era digital, numa sociedade pós-moderna, na qual vivemos a um clique do mundo, me peguei com saudade das coisas simples...
Senti falta de uma carta postada para meu endereço, me contando as surpresas das pequenas descobertas, lamentei a ausência de uma noite silenciosa e de um amanhecer com pessoas conversando nas calçadas. Doeu no peito quando notei que os ultimos abraços que recebi, foram em formas de pequenos desenhos enviados em conversas no msn, embora eu ainda abrace a muitos. Entristeci com a distância que outrora, gerava saudade e que agora desperta o esquecimento. 
Senti saudade das coisas simples...
Dos casais de mãos dadas, mesmo depois de anos de casados, das noites ao redor de uma fogueira sob o brilho do luar, da música que nos impulsionava a cantar sem abrir a boca, de ver despertar nos corações sentimentos após a inocência de uma paquera, dos recadinhos do coração que ouvía-mos nas rádios,  do endar de bicicleta sem se preocupar com formas, dos bêbados que cantavam desafinados as dores e amores que não conseguiam expor na sobriedade, dos seresteiros que varavam às noites, dos filhos que queriam ser iguais aos pais, dos pais que educavam os filhos com amor e "nãos" na hora devida.
Senti saudade das coisas simples...
Da comida quente do fogo a lenha, da escuridão rompida por meia dúzia de pequenas velas,  das fotos  em preto e branco sem montagens da felicidade, do cheiro de terra molhada, da fruta degustada sem tocar o chão, da manteiga derretida sobre o fubá quente, das bolhas de sabão, dos apelídios engraçados, das novenas de maio nas famílias, da quermesse, do leilão, do som sertanejo dos parques, do beijo na mão do vigário protocolado pela fé, da novela sem pornografia, da vida sem "estresssss" e depressões.
Senti saudades das coisas simples...
Saudade das que vivi e das que meus vinte e poucos anos não conseguiram alcançar. Na realidade, além da saudade trago também no peito um pouco de medo; medo de quando estiver com meus cinquenta e poucos anos, a vida não permitir escrever um texto assim, pelo fato do mundo não me oferecer, hoje, oportunidades que eu venha a ter saudades.(toninho alves)