domingo, 20 de dezembro de 2015

Eram inúteis e magoadas as noites da minha rua... 
Noites de lua que lembravam as grilhetas da minha vida parada...
“E com uma letra bem pequena, lá estava escrito no seu epitáfio: Tentou ser, não consegui; tentou ter, não possuiu; tentou continuar, não prosseguiu; e nessa vida de expectativas frustradas tentou até amar… Pois bem, não consegui, e aqui está...”
Dom Casmurro
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
José Saramago
"Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelos outros, só mesmo agradecendo àqueles que percebem as nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia connosco, insistindo..."
Quando se tem sensibilidade na alma, todas as rupturas são dolorosas...
António Almeida
"Porque não sei me dar pela metade, nem por partes. Eu transbordo...
"
Clarissa Corrêa
Não consigo entender 
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Distância
Entro no teu quarto como se
entrasse no mar. Um temporal de perguntas
enrola os teus cabelos. Lanças-te
contra as ondas de um sonho antigo,
e abres a porta da varanda
para te sentares à cadeira
do oriente, apanhando o vento
da tarde. "Não te levantes, digo,
e deixe que os teus olhos se libertem
de sombra, depois de uma noite
de amor, para me abrigarem
da luz estéril da madrugada". Mudas
de posição, como se me tivesses
ouvido; e o teu corpo enche-se
de palavras, como se fosses
a taça da estrofe...
Nuno Júdice
Amor e vinho
Cantemos o amor e o vinho,
As mulheres, o prazer;
A vida é sonho ligeiro
Gozemos até morrer
Tim, tim, tim
Gozemos até morrer
A ventura nessa vida
É sonho que pouco dura
Tudo fenece no mundo,
Na louça da sepultura
Tim, tim, tim
Na louça da sepultura
Não sou desses gênios duros,
Inimigos do prazer,
Que julgam que a humanidade
Só nasceu para morrer
Tim, tim, tim
Só nasceu para morrer...
Fagundes Varela
Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do que não espero.
Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou.
Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.
Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...
Vinícius de Moraes
CASA BRANCA
Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flores marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas.
A ti voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas, percorridos
Os murmúrios da terra indefinida.
Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.

SOPHIA de MELLO BREYNER ANDRESEN
Hoje dei uma de bruxinha
Andei inventando receita
Catei tudo que eu tinha
Para a conquista ser perfeita
Coloquei duas doses de amor
Com três pitadas de almiscar
Mexi bem pra deixar engrossar
Para o tempero no ponto ficar
Derreti uma colher de carinho
Muita canela pra esquentar
coloquei cinco doses de paixão
com bastante cravo a cheirar
Deixei horas em banho maria
a infalível e essencial tentação
tirei da gaveta do armário
o poderoso saquinho da sedução
Agora é só ficar a esperar
A chegada do eleito vaticinado
Em pequenas fatias vou servir
O que com paciência foi preparado
SoninhaBB

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

QUANTOS ANOS TENHO?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada.
E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho?
Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.
José Saramago
Um dia tenso
Uma nuvem densa
um furacão girando
Uma vontade intensa
Um mal tempo danado
No pensamento instalado
Sem ter pra onde correr
e eu tentando me esconder
sem entender o porquê
Já que e tão bom ter você
E toda essa agitação
no corpo essa excitação
esperando por um momento
Ser também tua inspiração
Haidee Dias
Hei-de morrer inocente
exactamente
como nasci.
Sem nunca ter descoberto
o que há de falso ou de certo
no que vi.
Entre mim e a Evidência
paira uma névoa cinzenta.
Uma forma de inocência,
que apoquenta.
Mais que apoquenta:
enregela
como um gume
vertical.
E uma espécie de ciúme
de não poder ver igual.
António Gedeão
Uns precisam de elogios, reconhecimento. Outros de silêncio.
Uns precisam de coragem. Outros de fé.
Uns precisam trabalhar, para gastar energia e ocupar o tempo. Outros precisam de horas vagas para olhar a lua e sonhar com as estrelas.
Uns precisam de música, outros de poesia.
Uns precisam de coisas. Outros, de amor...
"A saudade
É o que ficou
Do que nunca fomos"
__________Mia Couto
Hoje to querendo ser tudo o que eu quiser
Me explicar por quê? Ninguém iria entender a confusão que há dentro de mim. Sou desarranjado demais. Como confiar em alguém que, vezes quer o mar, vezes quer o céu?
Todo dia, como hoje, antes de dormir, lembro como já ri mais. Fico rodopiando nos meus próprios sonhos e, sem muito o que dizer, desejando um dia ter coragem para largar tudo e me jogar por aí. Mesmo que ninguém acredite. Pois, preciso confessar: há uma primavera aqui dentro.
É, estou querendo sumir. Largar o mundo que me abraça e, na maioria das vezes, me prende. Criar as minhas próprias filosofias de vida, trocar algumas experiências, me perder nos meus próprios sonhos… Estou com saudade de mim. Do que eu era; do que eu poderia ser; do que talvez eu nunca seja. Estou querendo me ultrapassar. Me ver diferente, me colocar numa situação nova, rir na cara daquele constante medo de talvez um dia nunca ser alguém. E que medo filho-da-puta.
Não quero ser raiz, me deixa, quero voar. Me solta. Torce por mim. Deixa eu sentir o beijo do mundo, colecionar afetos e desafetos em terras que nunca pisei, pois, acredite, o mundo aí fora constrói o mundo que há aqui dentro.
- Frederico Elboni
Tudo aquilo que eu não quero...
Não quero ser cópia de alguém ou de alguma coisa só porque eu que acho bonitinho.
Não quero trabalhar como uma escrava para ganhar dinheiro e não tem tempo e nem vida suficiente para gastá-lo.
Não quero ser fria,fingir,que não sinto,que não choro,que não sofro.
Não quero comer ostra,jiló e outras coisas do gênero e fazer cara de quem está gostando só para não pensarem que sou mal educada.
Não quero que coloquem palavras na minha boca,ou tentem manipular meu pensamento,não funciona.
Não quero fingir ter o que não tenho e ser o que não sou só para fazer tipinho.
Não quero morrer sem antes pular de para quedas ,conhecer a Irlanda,a Escócia,a índia e o Tahiti.
Não quero ter medo de arriscar quantas vezes for necessário.
Não quero ser previsível.
Não quero dar explicações de todos os meus porquês.
Não quero amizade com pessoas que só se preocupam em manter as aparências.
Não quero ser motivo de desgosto para minha família.
Não quero ouvir palpites de pessoas que não tem o menor noção daquilo que estão falando.
Não quero ser escrava de um relacionamento.Para dar certo um casal tem que ser livre juntos, e não engaiolados e sufocados pelo egoísmo e pelo ciúme.
Não quero viver longe da natureza,longe do mar.
Não quero apontar o dedão pro outro e julgar como se eu fosse um exemplo a ser seguido.
Não quero sentir culpa por ter feito mal a alguém.
Não quero viver pensando no que poderia ter sido se eu não tivesse jogado tudo pro alto e arriscado.
Não quero ouvir críticas e deboches de pessoas que não tem coragem de se olharem no espelho e de mostrarem como realmente são.
Não quero ter que ouvir de amigos que estar triste é frescura,que não estar a fim de sair para algum lugar e tática para chamar atenção.
Não quero que explorem a minha boa vontade.
Não quero ser culpada de coisas que eu não fiz.
Não quero me sentir inútil em qualquer lugar que eu esteja.
Não quero ter que ouvir de uma pessoa querida no momento que eu mais precisava de apoio a frase:Agente colhe o que planta".
Não quero ter que dar satisfação da minha vida e nem de como eu gasto meu dinheiro.
Não sou obrigada a concordar com tudo e com todos e nem faço questão.
Não quero que minha imaginação e minhas fronteiras tenham limites.
Não quero deixar de sonhar nunca.
Não quero ser tapete para os outros me pisarem.
Não quero nunca perder meu amor próprio.
Não quero ser perfeita.Não é normal e não tem graça.
Se me perguntarem o que eu quero,não sei se saberei responder.Mas com certeza eu sei bem aquilo que eu não quero. Emoticon smile
Telma Lemos

domingo, 15 de novembro de 2015

Você ainda confiaria em mim... Se eu te dissesse que te amo? Ainda me contaria seus segredos se eu te dissesse que te amo? Ainda passaria o tempo ao meu lado se eu te dissesse que te amo? Ainda choraria suas mágoas a mim se eu te dissesse que te amo? Ainda tentaria me fazer sorrir quando estou triste se eu te dissesse que te amo?
Ainda teríamos ainda se eu te dissesse que te amo? Se eu te dissesse que te amo,
fizesse você me amar, eu diria Eu Te Amo, sem medo e sem pensar...
É contra mim que luto. Não tenho outro inimigo.
O que penso, o que sinto, o que digo e o que faço, é que pede castigo
e desespera a lança no meu braço... Absurda aliança de criança e adulto... O que sou é um insulto ao que não sou; e combato esse vulto
que à traição me invadiu e me ocupou... Infeliz com loucura e sem loucura, peço à vida outra vida, outra aventura, outro incerto destino...
Não me dou por vencido... Nem convencido... E agrido em mim o homem e o menino...
Miguel Torga
Um dia, você some da minha vida,
deixando caixas e sacos de sonhos,
um aperto no peito medonho,
cores e texturas penduradas nos cabides,
um jeito do espelho me olhar, que me agride.
Bolsas de lágrimas nos olhos,
um despropósito em arrumar a penteadeira
um desconforto em arrumar as cadeiras
aquele pote vazio de doce na geladeira.
Douguiníssimo
Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória…
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer fato?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes,
Parece que passam sem ver-me os instantes,
Mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo a ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma idéia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe...
Álvaro de Campos

terça-feira, 29 de setembro de 2015



O que me dizes
do silêncio que fala
do silêncio que grita
mas ninguém escuta
a não ser eu mesma...
esse silêncio interno
que cresce e cresce
sobe pela garganta
e para... sufoca
explode no ouvido
o que me dizes
da palavra não dita
mas tão pensada
pensada mil vezes
chicoteada na memória
marcada a ferro e fogo
o que me dizes
da dor engolida
mal digerida
ulcerada e sangrante
mas invisível...
nada me dizes
nada ouves
nada podes ver
nem mesmo sentir
pois tudo é silêncio

Mô Schnepfleitner

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Nada irá modificar essa verdade...
Prefiro sentir dor... Do que não sentir nada...
Mas tenho medo... Medo de não suportá-la...
Este silêncio sufoca minha alma...
Deve ter sido amor... mas agora acabou

Deixe um suspiro no meu travesseiro
Deixe o inverno pros outros
Eu acordo sozinha, tem um silêncio no ar
No quarto e em toda parte

Toque-me agora, eu fecho meus olhos
E me perco em sonhos

Deve ter sido amor, mas agora acabou
Deve ter sido bom, mas eu o perdi de alguma forma
Deve ter sido amor, mas agora acabou,
Do momento que nos tocamos até o tempo que passou

Faço de conta que estamos juntos
Que estou abrigada pelo seu coração
Mas por dentro e por fora estou desabando
Como uma lágrima na palma de sua mão

E é um duro dia de inverno
Eu sonho...
Segue a proa confiante, porque o rumo que deves seguir é o horizonte.
Desculpa por eu acordar com o pensamento em você
Mas você ainda está presente em meu viver
Desculpa por ainda achar que te tenho em minhas mãos
Mas é que as minhas loucuras saem do meu coração

Desculpa se eu te respiro e te sinto em todo lugar
Mas você se tornou o meu vício, o meu mundo, o meu céu, o meu ar
Desculpa se ainda te ligo, muitas vezes sem eu notar
É o impulso que sai do meu peito e vai te procurar

Desculpa por eu te querer tanto assim
Desculpa por eu te fazer ainda parte de mim
Desculpa por tudo que eu te falei sem pensar
Desculpa por eu simplesmente te amar...

terça-feira, 7 de julho de 2015

- Moço, falou com um risinho meio sem jeito, não se assuste não... Não sou desse tipo de gente que só age pela razão... Sou uma garota que ama com a mente, que faz brotar tudo o que sente e pensa com o coração... Realmente é uma loucura, loucura pra ser saboreada, temperada de doçura e carregada de emoção..."
Mychele Magalhães Velloso
 

sábado, 4 de julho de 2015

Palavras? Sim, de ar e perdidas no ar.
Deixa que eu me perca entre palavras,
deixa que eu seja o ar entre esses lábios,
um sopro erramundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde...

Octávio Paz.
Que bem fazem à gente certas mentiras
Essas pequenas, ingênuas deliciosas mentiras...
Essas mentirinhas bebês,
redondinhas, rosadas e frescas...
A dos médicos para seus enfermos desenganados: 
— "Mas está excelente! Vai sarar!"
A dos amigos para os nossos poemas:
— "Cortei na revista... Guardei-o comigo".
E sobre todas, as da criatura amada
que justifica, no reclamo da saudade:
— "Sonhei contigo a noite inteira... e estou intranqüila... Vem!..."
Meu Deus do Céu, que imenso bem!...
A gente tem vontade de pegar essas mentirinhas como aos bebês, redondinhas, rosadas e frescas,
e atirá-las para o alto, pelos braços,
às momices e aos beijos...
— "De quem é essa mentirinha mais bonita do mundo?
— "De quem é essa mentirinha tão querida, gente?"
E depois, num abraço bem apertado, numa efusão,
enterrá-las, como um tesouro de felicidade,
no coração.
Adelmar Tavares
"Saudades do tempo que se tinha tempo. De quando o tempo não era inimigo. Quando as roupas descosturadas eram reparadas à mão e as brancas sujas colocadas pra quarar. Um dia todo pra lavar roupas! Não tinha problema. Saudades de quando as frutas eram tiradas dos pés, que precisavam ser regados e cuidados. E escalar mangueiras era nosso maior desafio. De quando os encontros e sorrisos não precisavam ser registrados, e sobrava mais tempo pras conversas. De quando as coisas não tinham que ter propósito ou lhe preparar pra vencer na vida. Jogar pedras na rua ou na água pra ver quem joga mais longe, disputar corridas descalços na terra, descobrir formas nas nuvens... Saudades de quando a única pressa era de comer logo pra voltar pra rua pra brincar. Do cheiro da comida no fogo à lenha, do almoço colocado de manhã bem cedo, pra cozinhar devagar. De como o natal demorava a chegar. Saudades da criança que achava que ia ser eterna, porque o tempo pra ela, era amigo. Ele nunca iria se desfazer dela. Ele nunca iria sufocar."
(Rachel Carvalho)

Saudade das coisas simples

Em plena era digital, numa sociedade pós-moderna, na qual vivemos a um clique do mundo, me peguei com saudade das coisas simples...
Senti falta de uma carta postada para meu endereço, me contando as surpresas das pequenas descobertas, lamentei a ausência de uma noite silenciosa e de um amanhecer com pessoas conversando nas calçadas. Doeu no peito quando notei que os ultimos abraços que recebi, foram em formas de pequenos desenhos enviados em conversas no msn, embora eu ainda abrace a muitos. Entristeci com a distância que outrora, gerava saudade e que agora desperta o esquecimento. 
Senti saudade das coisas simples...
Dos casais de mãos dadas, mesmo depois de anos de casados, das noites ao redor de uma fogueira sob o brilho do luar, da música que nos impulsionava a cantar sem abrir a boca, de ver despertar nos corações sentimentos após a inocência de uma paquera, dos recadinhos do coração que ouvía-mos nas rádios,  do endar de bicicleta sem se preocupar com formas, dos bêbados que cantavam desafinados as dores e amores que não conseguiam expor na sobriedade, dos seresteiros que varavam às noites, dos filhos que queriam ser iguais aos pais, dos pais que educavam os filhos com amor e "nãos" na hora devida.
Senti saudade das coisas simples...
Da comida quente do fogo a lenha, da escuridão rompida por meia dúzia de pequenas velas,  das fotos  em preto e branco sem montagens da felicidade, do cheiro de terra molhada, da fruta degustada sem tocar o chão, da manteiga derretida sobre o fubá quente, das bolhas de sabão, dos apelídios engraçados, das novenas de maio nas famílias, da quermesse, do leilão, do som sertanejo dos parques, do beijo na mão do vigário protocolado pela fé, da novela sem pornografia, da vida sem "estresssss" e depressões.
Senti saudades das coisas simples...
Saudade das que vivi e das que meus vinte e poucos anos não conseguiram alcançar. Na realidade, além da saudade trago também no peito um pouco de medo; medo de quando estiver com meus cinquenta e poucos anos, a vida não permitir escrever um texto assim, pelo fato do mundo não me oferecer, hoje, oportunidades que eu venha a ter saudades.(toninho alves)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

CONFISSÃO
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
Mario Quintana

terça-feira, 24 de março de 2015


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida...
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros...
Quando escuto uma voz, quando me lembro do passado...
Eu sinto saudades...
'Eu vi você chorando através do espelho
Estava assustada, com os olhos vermelhos
Já não se cuida como antigamente, displicente
Mas entre amigos age com naturalidade
Mantendo as aparências pra sociedade
Duas verdades que não se combinam
E esse clima faz o amor perder'
"Alguns vão com você até o fim, outros vão te abandonar no caminho.
Mas não entristeça seu coração, nem os culpem pela tamanha covardia. 
Há pessoas que Deus coloca do nosso lado, outras que Ele tira." 

sábado, 31 de janeiro de 2015

Confusa. Deserta. Incerta. Calada.
Sem prosa, nem verso, nem nada.
Cansada. Carente. Decente. Tentada a fechar a gaveta e dar férias para os sonhos.
Inversa. Salgada. Irritada. Ausente. Dispensando as lembranças cítricas que revelam a realidade.
Anônima. Urgente. Carregando o silêncio constante como promessa precisa de sobriedade.
Consciente. Imersa. Absurda. Largada. Teimosa. Desfazendo a memória do que insiste e fere.
Aprendiz de caminhos virgens, arruma sua lógica e desnuda os desejos empilhados.
Ita Portugal
" Ela não precisa mais provar nada. Já sofreu separações, e tem consciência de que suporta o sofrimento. Já superou dissidências familiares, e tem consciência de que a oposição é provisória. Já recebeu fora, deu fora, entende que o amor é pontualidade e que não deve decidir pelo outro ou amar pelos dois. Cansada das aparências, cometerá excessos perfeitos. É mais louca do que a loucura porque não se recrimina de véspera. É ainda mais sábia do que a sabedoria porque não guarda culpa para o dia seguinte. Não há depois, é tudo agora."
Fabricio Carpinejar
Não me engane,
Posso surpreendê-lo.
Minha carinha
De menina fofa e ingênua
Esconde uma mulher
Astuta e sagaz.
Rapaz,
Eu enxergo no escuro...
E de olhos fechados!
Dany WR
Me apaixono pelas belezas mais leves,
sinto os impulsos mais pesados,
disfarço minhas loucuras e movimentos involuntários,
aguardo o momento exato para deixar claro o que sinto,
mas acontece que cada caminho tem suas pedras,
e não sabemos por quais moinhos já passaram outras águas,
mesmo assim procuro ser claro e sinceramente,
comentar sobre equívocos e aprendizagens,
mas nisso é triste perceber a falta de compreensão da outra parte,
ou os valores que quando distantes se tornam muros,
e continuo caminhando em uma ponte quase arrebentando,
com as mesmas cordas que seguram no amor em si que acredito,
e o peso da solidão muitas vezes castiga,
mesmo assim acredito encontrar uma fonte de água limpa...
Gilmar Santos.
Mundo de silêncio cheio de palavras vazias
Tempo vulnerável que num segundo muda o mundo
Mundo de solidão marcado por rótulos, invólucro
Tempo de promessas dispersas, deixadas, perdidas
... O que sou? Se não um emaranhado de circunstâncias e desejos, de instintos e medos. 
O que quero? Se tudo o que não quero é descobrir que por dentro do meu lamentável Eu existe alguém que sempre deu adeus. 
Adeus ao mundo. Aos sentimentos. Ao universo e a mim mesma...
Novamente me pergunto o que sou. E me espanto ainda mais... Faltou resposta!!!

Meire Araújo
Quero calmaria em minha alma, esquecer e me enaltecer...
Esvaziar -me de você...
Quando ele se for ela saberá que ele sempre esteve por perto... Grandes perdas acontecem ao poucos... Pequenas despedidas... Talvez traga flores quando voltar... O quão criminoso será ao matar tantas rosas em nome de um sorriso que nem o pertence? 
Já perdoei-me por não ser perfeito... Acho que já posso começar a viver...