quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Já são 18h50min, vagarosamente a noite se aproxima, calmamente o vento caminha entre as vielas... A chuva fina continua a cair, molhando intensamente calçadas, janelas, carros e o meu rosto... Estou a dois quarteirões do seu serviço... Sapatos molhados, calça e camisa respingadas e um aperto no peito... Cada vez mais devo apressar os passos...
Exatamente às 19h05min, você surge, do outro lado da calçada, o coração dispara, a respiração fica ofegante, fico hipnotizado, sem ao menos você saber, presto atenção em cada detalhe em você, sua roupa, a barra da sua calça molhada, seus sapatos branco, seu rabo de cavalo loiro, seu guarda-chuvas rosa (aquele), seus lábios e seus olhos (ambos um dia já me pertenceram) que procuram rapidamente um abrigo da chuva...
Recordo-me quando abria a porta do carro e você entrava, sentava-se, sorria e eu fechava-a, dava a volta por trás e olhava, você esticava seu braço esquerdo e puxava o pino da minha porta, o tempo parava, inesperadamente surgia no pensamento: É “Ela”. Era tão simples e mágico. A tão desejada felicidade, lá estava ela, com certeza...
Tudo foi corrompido, desintegrado, o caminho de volta se tornou um labirinto... Sombrio... As roupas molhadas já não importavam mais... E o tempo, a sim, esse velho amigo que nos acompanhará até a morte.
Meses atrás, eu lhe trazia flores e chocolates, mesclados com sorrisos e fortes abraços... Mas ontem... Eu só queria me despedir...
Partir é deixar reticências ao acaso... Eu já te esqueci, mas o meu coração ainda não...
Ines Flores

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